Suécia recua na era digital da educação: O retorno aos livros impressos e o debate sobre o equilíbrio tecnológico

Em um movimento que acende um debate global e convida à profunda reflexão sobre o futuro da educação, a Suécia, um dos países mais avançados digitalmente, anunciou em julho de 2025 sua decisão de recuar no uso excessivo de ferramentas digitais em suas escolas, retomando a primazia dos livros impressos.

Essa medida, embora pareça um retorno ao passado, reflete uma análise crítica sobre a eficácia pedagógica da tecnologia e o equilíbrio necessário entre inovação e fundamentos tradicionais do aprendizado. Para educadores, gestores e famílias, a decisão sueca oferece valiosas lições sobre como construir uma educação que seja, ao mesmo tempo, eficaz, inclusiva e preparada para o futuro.

Índice

  1. O Contexto da Decisão Sueca: Um Debate Complexo
  2. Argumentos a Favor do Retorno ao Impresso: Foco, Saúde e Equidade
  3. Contrapontos e Desafios da Abordagem Sueca: O Risco da Dicotomia
  4. A Visão NeuroSaber: Equilíbrio entre a Ciência da Aprendizagem e a Tecnologia
  5. Implicações para o Brasil: Um Modelo Híbrido e Intencional
  6. Conclusão: Educação do Século XXI – Preservar, Integrar e Equilibrar

O Contexto da Decisão Sueca: Um Debate Complexo

A Suécia, reconhecida por sua vanguarda tecnológica e por ser um dos primeiros países a abraçar a digitalização na educação, surpreendeu o mundo ao anunciar um direcionamento para um maior uso de livros impressos em detrimento das telas.

Essa decisão não é trivial e reflete um debate complexo sobre o que realmente funciona no processo de aprendizagem, especialmente para crianças. Ela força uma reavaliação de conceitos arraigados sobre o ensino digital e a busca por um equilíbrio que garanta a qualidade educacional sem abdicar dos avanços tecnológicos.

Argumentos a Favor do Retorno ao Impresso: Foco, Saúde e Equidade

A principal motivação por trás da mudança na política educacional sueca reside em uma série de argumentos pedagógicos e de saúde:

  • Foco e Redução de Distrações: Livros físicos, por sua natureza, minimizam as interferências constantes de notificações, jogos e redes sociais, que são intrínsecas aos dispositivos digitais. Estudos na área da neurociência da leitura têm consistentemente demonstrado que a leitura em papel, em comparação com a leitura em tela, pode levar a uma melhor compreensão e retenção de conteúdo, especialmente em crianças em fase de alfabetização. O cérebro processa o texto de forma diferente, e a fisicalidade do livro oferece referências espaciais que auxiliam na navegação e memorização.
  • Saúde Cognitiva e Física: O uso excessivo de telas tem sido associado a uma série de problemas de saúde, incluindo fadiga ocular digital, dores de cabeça, déficit de atenção (devido à constante mudança de foco e à gratificação instantânea) e distúrbios do sono. O retorno ao material impresso pode beneficiar o desenvolvimento cognitivo saudável e reduzir problemas posturais associados ao uso prolongado de dispositivos.
  • Equidade: A dependência exclusiva do digital cria um abismo entre alunos que têm acesso a dispositivos e internet de qualidade e aqueles que não têm. Livros impressos são mais democráticos, fáceis de compartilhar e menos dependentes de infraestrutura, contribuindo para reduzir a exclusão digital e garantir que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de acesso ao material didático.
  • Equidade: A dependência exclusiva do digital cria um abismo entre alunos que têm acesso a dispositivos e internet de qualidade e aqueles que não têm. Livros impressos são mais democráticos, fáceis de compartilhar e menos dependentes de infraestrutura, contribuindo para reduzir a exclusão digital e garantir que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de acesso ao material didático.

Contrapontos e Desafios da Abordagem Sueca: O Risco da Dicotomia

Apesar dos argumentos a favor, a decisão sueca também levanta importantes contrapontos e riscos, especialmente se interpretada como uma dicotomia entre impresso e digital:

  • Preparação para o Futuro: A sociedade contemporânea e o mercado de trabalho são inegavelmente digitalizados. Excluir as ferramentas tecnológicas da educação pode limitar o desenvolvimento de habilidades essenciais para o século XXI, como pensamento computacional, programação, pesquisa online eficiente, alfabetização midiática e colaboração digital.
  • Interatividade e Personalização: As plataformas digitais oferecem recursos dinâmicos inigualáveis, como vídeos explicativos, simulações interativas, feedback imediato sobre o desempenho e a capacidade de adaptar o ritmo e o conteúdo do aprendizado às necessidades individuais de cada aluno. Esses recursos são difíceis de replicar com materiais estáticos.
  • Sustentabilidade: Embora o papel seja um recurso natural, sua produção, se não for de reflorestamento controlado e com processos sustentáveis, tem impacto ambiental. O digital, se otimizado, pode reduzir o desperdício de papel e o custo de impressão e transporte, além de facilitar atualizações de conteúdo.

A Visão NeuroSaber: Equilíbrio entre a Ciência da Aprendizagem e a Tecnologia

A NeuroSaber acredita que a educação do século XXI deve ser “baseada em evidência, não em achismo”. A decisão sueca, nesse sentido, reforça a importância de olharmos para a neurociência e a ciência da leitura para entender o que realmente funciona no cérebro que aprende. Não se trata de escolher um ou outro, mas de integrar o melhor de ambos os mundos.

Nossa perspectiva é que:

  • O Fundamental é o Fundamental: Para as bases da alfabetização e o desenvolvimento de habilidades cognitivas essenciais, como a atenção sustentada, a leitura aprofundada e a escrita manual, o material impresso e as metodologias tradicionais bem aplicadas são, muitas vezes, superiores. Eles reduzem distrações e promovem uma interação mais profunda com o conteúdo.
  • A Tecnologia como Potencializador: A tecnologia deve ser utilizada de forma intencional e pedagógica, como uma ferramenta que potencializa o aprendizado, e não como um fim em si mesma. Isso significa empregar plataformas digitais para pesquisas avançadas, acesso a conteúdos multimídia complementares, personalização de exercícios e desenvolvimento de habilidades digitais necessárias para a vida e o trabalho.
  • Formação Docente: Para o professor, a questão não é apenas ter o material (impresso ou digital), mas saber como usá-lo eficazmente. A NeuroSaber capacita educadores para que compreendam como o cérebro aprende, permitindo-lhes fazer escolhas pedagógicas informadas sobre quando e como usar cada recurso, seja ele físico ou digital. Nossa abordagem é sempre entregar teoria com prática, com o objetivo de tornar o professor um vetor de transformação.

Implicações para o Brasil: Um Modelo Híbrido e Intencional

Para o Brasil, um país com desafios estruturais e desigualdades digitais acentuadas, a lição sueca é particularmente relevante. Não podemos nos dar ao luxo de ignorar os benefícios do material impresso ou de superestimar a tecnologia sem uma análise crítica.

O ideal para as redes de ensino brasileiras seria um modelo híbrido e bem planejado, onde livros impressos e tecnologia se complementem de forma estratégica. Isso implica em:

  1. Priorizar o Impresso nas Fases Iniciais de Alfabetização: Garantir que crianças em processo de alfabetização tenham acesso prioritário a livros impressos de qualidade.
  2. Uso Pedagógico da Tecnologia: Integrar a tecnologia de forma a complementar o aprendizado, oferecendo recursos interativos e personalizados para aprofundamento e desenvolvimento de habilidades digitais relevantes, sem que ela se torne a única ou principal ferramenta de ensino.
  3. Investimento em Infraestrutura e Equidade Digital: Mitigar as desigualdades garantindo acesso a dispositivos e conectividade para todos, mas sem condicionar a alfabetização à presença digital.
  4. Formação de Professores: Capacitar educadores para usar a tecnologia de forma crítica e intencional, entendendo seus limites e potencialidades, e para que saibam como conduzir a aprendizagem com foco e menos distrações, seja qual for o material.

Educação do Século XXI – Preservar, Integrar e Equilibrar

A decisão da Suécia serve como um importante lembrete de que a inovação na educação não significa abandonar o que já se provou eficaz.

O equilíbrio é a chave. A educação do século XXI exige a capacidade de preservar o que funciona no tradicional, integrar os avanços do digital de forma crítica e intencional, e, acima de tudo, priorizar o desenvolvimento cognitivo e emocional dos alunos.

Para a NeuroSaber, essa é a essência de uma educação que transforma, que capacita professores e que garante que cada criança, independente das ferramentas, aproveite todo seu potencial em um ambiente de aprendizagem enriquecedor e livre de distrações excessivas.

Fonte: OCP News Jaraguá do Sul. “Suécia recua no ensino digital e retoma uso de livros impressos nas escolas”. Publicado em 08/07/2025.

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