É com imensa alegria que celebramos a homenagem recebida por Perdigão, em Minas Gerais, como um dos municípios com melhor IDEB do estado. Em cerimônia promovida pelo governo mineiro, Perdigão figurou entre os 50 destaques, reconhecendo o esforço contínuo de uma rede comprometida com a aprendizagem na idade certa e com a inclusão de todas as crianças. Como município pioneiro na implementação do PROLEIA em rede, Perdigão simboliza o que defendemos na NeuroSaber e na NeuroEscola: quando ciência, gestão e sala de aula caminham juntas, os resultados aparecem.
O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) é o principal indicador de qualidade da educação básica no Brasil, criado pelo Inep em 2007. Ele combina, em uma escala de 0 a 10, dois componentes: o desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa e Matemática nas avaliações do Saeb (antiga Prova Brasil) e o fluxo escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono).
Ao produzir resultados para escolas, municípios, estados e para o país, o IDEB permite monitorar a aprendizagem e a eficiência do sistema educacional, estabelecer metas por etapa de ensino, comparar a evolução ao longo do tempo e orientar políticas públicas. Embora seja uma referência nacional, o índice não captura todas as dimensões da qualidade, como clima escolar, equidade e formação integral e, por isso, deve ser interpretado em conjunto com outros indicadores e evidências.
O reconhecimento é ainda mais significativo considerando a jornada iniciada por Perdigão ao se tornar o primeiro município a adotar o PROLEIA (Programa de Leitura, Escrita, Interpretação e Aprendizagem) como política de alfabetização em larga escala. Desenvolvido com base na Educação Baseada em Evidências (EBE) e nas neurociências, o PROLEIA trabalha, de maneira estruturada e lúdica, os pilares que a ciência aponta como essenciais para ler e escrever com autonomia: consciência fonológica, princípio alfabético (a associação sistemática entre letras e sons), fluência, vocabulário e compreensão leitora. Aliado a materiais pedagógicos cuidadosamente sequenciados, formação docente contínua e sondagens bimestrais, o programa oferece previsibilidade e clareza de objetivos para professores e estudantes.
Em Perdigão, essa implementação não se resumiu a adotar um material; foi um compromisso de gestão com uma cultura de ensino explícito, acompanhamento por dados e inclusão. A Secretaria Municipal de Educação organizou rotinas de formação, mentorias de suporte aos professores, observações de sala e um calendário de monitoramento que permitiu identificar avanços e planejar intervenções. Na prática, as turmas passaram a contar com sequências didáticas que respeitam a progressão de habilidades, atividades multissensoriais para consolidar a relação som-letra e rotinas de leitura e escrita que constroem o sentido do texto desde o início do processo de alfabetização.
Os resultados pedagógicos, apontados pelo reconhecimento no IDEB, são consequência de muitos pequenos acertos no cotidiano: transições mais bem planejadas entre atividades, instruções claras, feedback imediato ao aluno, retomadas estratégicas de habilidades que precisam de reforço e, sobretudo, um ambiente de sala de aula em que o aluno entende o que está aprendendo e por quê. Ao lado disso, Perdigão investiu na literacia familiar, aproximando a escola das casas por meio de orientações simples e eficazes para que pais e cuidadores apoiem, de forma leve, o desenvolvimento da leitura e da escrita. Essa parceria fortalece o vínculo e amplia o tempo de exposição a práticas de linguagem de qualidade, essencial na primeira infância e nos anos iniciais.
O caso de Perdigão também ilustra um princípio que defendemos: inclusão e excelência não são caminhos separados. Ao organizar o ensino a partir de evidências, a rede atendeu melhor tanto as crianças que acompanham a sequência padrão quanto aquelas que precisam de mais apoio, como estudantes com dificuldades específicas de aprendizagem. A combinação entre instrução explícita, atividades graduadas, uso de materiais estruturados e dados de sondagens viabiliza intervenções no tempo certo, sem rótulos nem esperas improdutivas. É a lógica da Resposta à Intervenção (RTI) colocada em prática de modo simples, humano e eficaz.
Nada disso acontece sem protagonismo docente. Em Perdigão, professores assumiram o papel de pesquisadores da própria prática, observando o que funciona, registrando evidências e ajustando estratégias. A formação continuada articulou teoria acessível com exercícios reais de sala, da modelagem de fonemas à construção de fluência e compreensão, passando pela escrita com propósito. Quando o professor tem clareza do percurso de aprendizagem, o estudante percebe o avanço, e a sala inteira ganha confiança.
Celebrar Perdigão é, portanto, celebrar um conjunto de decisões bem tomadas: priorizar a alfabetização na idade certa; adotar uma abordagem pedagógica alinhada às evidências; investir em formação e acompanhamento; envolver famílias; e cuidar da experiência da criança no dia a dia, do brincar que desenvolve linguagem às atividades que consolidam habilidades. É também reconhecer que políticas educacionais consistentes precisam de tempo, persistência e colaboração entre todos os atores da comunidade escolar.
Que esta homenagem inspire outras redes a trilhar caminhos semelhantes. O pioneirismo de Perdigão ao implementar o PROLEIA mostra que a transformação é possível quando há direção, método e afeto. O IDEB celebra o que os corredores da escola já sabiam: o aprendizado está acontecendo, com sentido e com qualidade.
À equipe de Perdigão, gestores, professores, profissionais de apoio, estudantes e famílias, o nosso parabéns sincero. Que esta conquista seja um marco e, ao mesmo tempo, um ponto de partida para voos ainda mais altos. Seguimos juntos, fazendo da ciência uma aliada cotidiana do ensino e aprendendo, a cada dia, com quem mais importa: as crianças.
Se a sua rede deseja conhecer o PROLEIA e saber como adaptar essa experiência à sua realidade, a NeuroEscola está à disposição para apresentar o programa, detalhar a formação docente e o acompanhamento pedagógico, e compartilhar aprendizados dessa jornada. Porque quando a evidência encontra a sala de aula, a educação avança — e os resultados aparecem.